09 dezembro 2008
Inútil Paisagem
Mas pra que, pra que tanto céu
Pra que tanto mar, pra que
De que serve esta onda que quebra, e o vento da tarde
De que serve a tarde, inútil paisagem
Pode ser que não venhas mais
Que não venhas nunca mais
De que servem as flôres que nascem pelos caminhos
Se meu caminho sozinho é nada, e nada
Palavras: Antônio Carlos Brasileiro e Aloysio de Oliveira
Imagem: VN
03 setembro 2008
Flagra da Casa (sendo) Assassinada
http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/post.asp?t=e_tarde&cod_Post=122738&a=96
23 julho 2008
Mandinga contra Aflição
contra adição, água e ginga
com traição, dá-lhe pinga
contradição que não vinga
03 junho 2008
It's EASE?!
seguir o esquema é o seu lema
não há espaço para a alegria
nem se pode fugir do tema
13 maio 2008
either jokes
Garota de atitude ou garoa de altitude...
Patagônia ou a agonia da pata...
Esplendor ou spleen-dor...
Codorna Assada ou com dor na ossada...
TV a cabo ou não te ver, acabo...
11 outubro 2007
Uma vaca mal parada...
Viva o festival de mau-gosto e pedantismo espalhado pela cidade, marketing grosseiro travestido de modernidade cosmopolita, ex-votos de louvor a globalização da mediocridade, afinal as vacas também são sagradas na civilização ocidental, pois então que animal simbolizaria melhor, a devastação dos ecossistemas. É dito no interior que o boi tem cinco bocas, já que além dos 25 quilos de capim necessários para produzir 1 quilo de carne, o pisoteio de suas patas provoca a compactação dos solos, contribuindo consideravelmente para sua degradação. Mas muito mais trágico é o fato da pecuária ser a principal causa do desmatamento da Amazônia, mesmo o metano advindo da ruminação bovina responde por uma fração importante das emissões de gases de efeito estufa. Não se esqueçam que há tempos o rebanho bovino supera a população humana em nosso país, com mais de 200 milhões de bois e vacas para nutrir e matar a sede.
Podemos também destacar os efeitos deletérios do consumo excessivo de proteína animal na saúde humana, cujo ritual de iniciação se dá nos Mac Trouxas da vida, ou num podrão da esquina para os menos abastados, e alcança o seu nirvana numa churrascaria chique, o supra-sumo do nonsense alimentar. Até o cândido leite das dóceis vaquinhas não é tão puro e inofensivo como nossa vã filosofia supõe, ou seriam hábitos culturais seculares mantidos com zelo por uma poderosa indústria?!
Quem sabe seja melhor ficar calado mesmo, como manda o ingênuo divertimento infantil, que aliás não deve fazer muito sucesso nesses tempos de internet e vídeo game. Na ausência de brinquedos e educação, ou coisas mais simplórias feito um prato de comida, os meninos de rua da igualmente cultuada Lapa aproveitam o novo hóspede para embarcar em alguma longínqua fantasia de vaqueiro, fugir um pouco da dura realidade que tem cheiro de cola e mijo. Mas também, se as mesmas autoridades competentes em gastar 1 bilhão de reais na festa do esporte não conseguem manter um mínimo de limpeza, iluminação e segurança no novo eldorado turístico da cidade maravilha; o que esperar de uma sociedade que prefere alimentar os bois a cuidar um pouco melhor de suas crianças...
08 agosto 2007
Picadinhas
ou o drama de vagar no mundo..
Olvide Adorno, nem adore Ovídio,
é vida de corno, com dor no ouvido.
Jah, alma o sou ?!
Traz um verso ao avesso,
O travesso ao se ver só.
O gato tá gasto,
Virou pato e só quer pasto.
31 julho 2007
papo qualquer coisa
13 julho 2007
Miguel
Thales Paradela
Desde sempre foi tosco.
Já na intempestiva gênese
em momento impróprio,
na contramão,
em dia de ponto facultativo,
durante uma greve dos anjos.
Por isso, Deus teve que abençoá-lo pessoalmente.
Límpido nunca o foi.
Embora transbordasse a pureza dos mananciais
Irrigados por palavras, tão doces e sábias, quanto turvas em vacilações, conquanto sempre potáveis.
Não é daquele que consideramos retos.
À margem das avenidas, propõe as trilhas
(a floresta que o diga)
na sinuosa rota das costelas, aquela que chega no coração.
Não detém a patente da verdade,
quiçá a égide da lógica inexpugnável.
Por vezes tonto, com a agulha da bússola bêbada, na busca do caminho dizendo:
- Eu não sei.
Achando os caminhos de olhos fechados e alma aberta, ou ainda, seguindo as estrelas
(o que vem a dar no mesmo!).
O rosto também não é de herói.
A auto-suficiência foi esquecida junto com alguns telefones e datas de aniversário.
Aliás, pose de herói não é o seu forte.
Se aproxima muito mais de macunaíma do que de Clark Kent.
Se bem que é preciso peito de remador,
fôlego de gato e
boa dose da sanidade dos hospícios
para ousar nadar rio acima
(salmão instintivo procriador)
contra a corrente avassaladora
que vai polindo as pedras pontiagudas e arrasta o limo.
Nota-se pois, tratar-se de um ser danoso.
Um absurdo!
Com muita dificuldade chegando a metade de um século.
Deixando Deus com os cabelos (e barbas) em pé, numa vigília constante.
(Sabemos que um filho que dá tanto trabalho só pode ser tanto amado!)
Enfim,
trata-se de uma pessoa que não serve para nada,
a não ser, fazer deste mundo um lugar mais bonito.
12 julho 2007
sucata-lógico style
os bons tempos de garoto
agora tenho a agilidade
dos bois lentos, um gagá roto
01 junho 2007
Orelices
Seria a versão em latim para um "Peido de respeito" ?!
Pelo menos não é Pumdodor..
O que remete aquela outra questão, existiria peido sem cheiro ??
Aí seria Pumsemfedor, um "traque de araque"..
Ou um "flato gaiato"...
24 maio 2007
Risonhos de uma tarde no bancão
E agonias com spleen, dor
Mas não posso reclamar
Pois não sou um bipolar
O humor não é britânico
E já tive o tal do pânico
Mas quando entrei pelo funil
Me salvou o Anafranil
Deveria ir pro sítio
Ou quem sabe, tomar Lítio
Só que a cidade corteja
E caio na boa e velha cerveja
02 abril 2007
QR II
vou buscando as respostas
mas bem me dizem os Albertos
que a vida é feita de apostas
Pra Camus é um absurdo
que se enfrenta com revolta
Já Caeiro que não é surdo
bom mesmo é a natureza envolta
05 outubro 2006
Quadrículas Ridículas
Já que foges dos padrões
Empenhado no afã de seres
Evite brigar com os patrões
Nem se olvide dos afazeres
Quando caneta de gazeta
Era linda, e que bunda !!
Depois com canela de gazela
Virou monja, e foi ser Buda..
Por desencargo de consciência
Meditação, trabalho e cama
Pra uma descarga de consistência
Coma verdura, arroz e manga
Pro descarrego da concupiscência
Muita cerveja, batuque e samba
11 setembro 2006
DANYOGA
Apesar de uma longa e consistente carreira, Nilson Chaves ainda é pouco conhecido pelas bandas de cá, infelizmente, porque com seu timbre característico, ele consegue transmitir com muita delicadeza e poesia, a vibrante energia da cultura e do povo do norte deste país.
A música a seguir está no ótimo cd "Gaia" de 2001.
VIVER FELIZ
Luhli e Lucina
Viver feliz, viver contente
Tudo faria neste instante
pra te ver feliz, te ver contente
Tudo faria nesta hora
pra te ver feliz, te ver contente
Festa após festa a cada aurora
despertar feliz, despertar imenso
No gesto tudo que eu penso
e pensar feliz
Fazer feliz, sem mais estórias
vela nas cores da memória
belo é ser feliz
Quebrar na praia, movimento no ar
quebrar na areia, sã água do mar
Deixar na areia, sentimentos maus, dançar
Dançar na espuma..
Seu movimento completo por um pensamento
Puro movimento, puro movimento, puro movimento no mar
puro movimento, puro movimento, puro movimento no mar
puro movimento, puro movimento, puro movimento no mar...
16 junho 2006
Neologs
E-pistoleiro: indivíduo que se utiliza de missivas eletrônicas para exercer a arte da sedução.
Wikiman: indivíduo que sabe de tudo um pouco, sem muita profundidade, nem vergonha de falar besteira. E se for geminiano e formado em engenharia de produção, então..
Do assombro e outras precariedades
A consciência se faz plena, mesmo sabendo-se fragmentada, confusa, mesquinha até.
És humano! Grita uma voz ao longe
ou será mais próximo?
Quem sabe o garoto vendendo bala, o sorriso da moça bonita, o passo arrastado do tempo que passa...
Chega! Isso não importa mais, pelo menos não agora.
No turbilhão de idéias e sentimentos, o equilíbrio é frágil.
A vaga sensação de que existe algo além
A certeza absoluta de que devo ir mais além.
Navegar na vaga certeza da sensação absoluta...
As palavras não se entendem muito bem,
não fazem distinção entre desvario e comedimento
É, ser-Clarice não é para qualquer um.
A velha fórmula da Alquimia urbana se revela atraente:
Barulho e cerveja,
um doce enganar-se a si mesmo,
doce tolice da eternidade suspensa...
Tudo bem, nem toda cumplicidade é perversa,
pois o estrago já foi feito e as seqüelas serão cultivadas com carinho.
05 abril 2006
QUE PORTARIA
Seja de vidro, madeira ou carne.
Quem se importa se for torta?
Empenou-se, mas tem seu charme.
Muitas vezes corrediça,
Outras tantas automática,
Mesmo sendo giratória,
Nunca deixa de ser prática.
De um armário bem fechado,
Ou do céu, pros sem pecado,
Mas se for de uma prisão,
Essa aí, não quero não.
Para Alice, era um jardim,
Com maravilhas sem fim,
E se à alma ela levar,
Pelos sonhos, vou viajar.
Para ir à Jerusalém,
Oito delas, você tem,
E pra saber a escolhida,
Toda sorte é permitida.
Já que a chave não encontro,
Continuo a navegar,
Por entre portas de assombro,
Por onde a vida me levar..
30 março 2006
Marchinha anti-positivista dub
Ei, você aí, me dá um Arak aí, se não, eu faço Arakiri..
Neste Carnaval tá tudo Zen,
não vem de vingança que não tem,
se o vagabundo não é normal,
a dama não lhe deve tratar mal..
Ei, você aí, me dá um Arak aí, me dá um Arak aí..
Ei, você aí, me dá um Arak aí, se não eu faço um Arakiri..
Dialética é coisa de alemão tarado,
Com Hegel e Marx, tá tudo errado,
Aqui, o que vale é a mestiçagem,
que com cachaça, vira sacanagem..
Ei, você aí, me dá um Arak aí, me dá um Arak aí..
Ei, você aí, me dá um Arak aí, se não, eu faço Arakiri..