11 outubro 2007

Uma vaca mal parada...

Vaca amarela
Cagou na tigela
Quem falar primeiro
Come toda a bosta dela

Viva o festival de mau-gosto e pedantismo espalhado pela cidade, marketing grosseiro travestido de modernidade cosmopolita, ex-votos de louvor a globalização da mediocridade, afinal as vacas também são sagradas na civilização ocidental, pois então que animal simbolizaria melhor, a devastação dos ecossistemas. É dito no interior que o boi tem cinco bocas, já que além dos 25 quilos de capim necessários para produzir 1 quilo de carne, o pisoteio de suas patas provoca a compactação dos solos, contribuindo consideravelmente para sua degradação. Mas muito mais trágico é o fato da pecuária ser a principal causa do desmatamento da Amazônia, mesmo o metano advindo da ruminação bovina responde por uma fração importante das emissões de gases de efeito estufa. Não se esqueçam que há tempos o rebanho bovino supera a população humana em nosso país, com mais de 200 milhões de bois e vacas para nutrir e matar a sede.

Podemos também destacar os efeitos deletérios do consumo excessivo de proteína animal na saúde humana, cujo ritual de iniciação se dá nos Mac Trouxas da vida, ou num podrão da esquina para os menos abastados, e alcança o seu nirvana numa churrascaria chique, o supra-sumo do nonsense alimentar. Até o cândido leite das dóceis vaquinhas não é tão puro e inofensivo como nossa vã filosofia supõe, ou seriam hábitos culturais seculares mantidos com zelo por uma poderosa indústria?!

Quem sabe seja melhor ficar calado mesmo, como manda o ingênuo divertimento infantil, que aliás não deve fazer muito sucesso nesses tempos de internet e vídeo game. Na ausência de brinquedos e educação, ou coisas mais simplórias feito um prato de comida, os meninos de rua da igualmente cultuada Lapa aproveitam o novo hóspede para embarcar em alguma longínqua fantasia de vaqueiro, fugir um pouco da dura realidade que tem cheiro de cola e mijo. Mas também, se as mesmas autoridades competentes em gastar 1 bilhão de reais na festa do esporte não conseguem manter um mínimo de limpeza, iluminação e segurança no novo eldorado turístico da cidade maravilha; o que esperar de uma sociedade que prefere alimentar os bois a cuidar um pouco melhor de suas crianças...


08 agosto 2007

Picadinhas

Vagabundo do Dharma,
ou o drama de vagar no mundo..


Olvide Adorno, nem adore Ovídio,
é vida de corno, com dor no ouvido.


Jah, alma o sou ?!


Traz um verso ao avesso,
O travesso ao se ver só.


O gato tá gasto,
Virou pato e só quer pasto.

31 julho 2007

papo qualquer coisa

O legal da aquarela é que ela é super orgânica, não interessa muito o controle do processo, e sim explorar o que o papel te revela, seguindo o caminho das águas.. o resultado é rico em detalhes, superposição de camadas, bordas multicoloridas e seres imaginários...


13 julho 2007

Miguel

Esta semana uma pessoa especial faria 60 anos, e apesar de não estar mais entre nós, iluminando, provocando e confundindo, a chama de sua presença ainda arde nos corações e mentes daqueles que tiveram o privilégio de conhecer e serem transformados por Miguel de Simoni. Alguns fanáticos chegam a ter o despautério de se reunirem na data do seu aniversário para beber e homenagear este ser danoso como o poema abaixo bem definiu...




Poema dos Cinquent’anos de Miguel de Simoni
Thales Paradela

Desde sempre foi tosco.
Já na intempestiva gênese
em momento impróprio,
na contramão,
em dia de ponto facultativo,
durante uma greve dos anjos.
Por isso, Deus teve que abençoá-lo pessoalmente.

Límpido nunca o foi.
Embora transbordasse a pureza dos mananciais
Irrigados por palavras, tão doces e sábias, quanto turvas em vacilações, conquanto sempre potáveis.

Não é daquele que consideramos retos.
À margem das avenidas, propõe as trilhas
(a floresta que o diga)
na sinuosa rota das costelas, aquela que chega no coração.

Não detém a patente da verdade,
quiçá a égide da lógica inexpugnável.
Por vezes tonto, com a agulha da bússola bêbada, na busca do caminho dizendo:
- Eu não sei.
Achando os caminhos de olhos fechados e alma aberta, ou ainda, seguindo as estrelas
(o que vem a dar no mesmo!).

O rosto também não é de herói.
A auto-suficiência foi esquecida junto com alguns telefones e datas de aniversário.
Aliás, pose de herói não é o seu forte.
Se aproxima muito mais de macunaíma do que de Clark Kent.

Se bem que é preciso peito de remador,
fôlego de gato e
boa dose da sanidade dos hospícios
para ousar nadar rio acima
(salmão instintivo procriador)
contra a corrente avassaladora
que vai polindo as pedras pontiagudas e arrasta o limo.

Nota-se pois, tratar-se de um ser danoso.
Um absurdo!
Com muita dificuldade chegando a metade de um século.
Deixando Deus com os cabelos (e barbas) em pé, numa vigília constante.
(Sabemos que um filho que dá tanto trabalho só pode ser tanto amado!)

Enfim,
trata-se de uma pessoa que não serve para nada,
a não ser, fazer deste mundo um lugar mais bonito.

12 julho 2007

sucata-lógico style

Lembro com saudade
os bons tempos de garoto
agora tenho a agilidade
dos bois lentos, um gagá roto

01 junho 2007

Orelices

Vc sabia que existe uma palavra chamada Pundonor ??
Seria a versão em latim para um "Peido de respeito" ?!

Pelo menos não é Pumdodor..
O que remete aquela outra questão, existiria peido sem cheiro ??
Aí seria Pumsemfedor, um "traque de araque"..
Ou um "flato gaiato"...

24 maio 2007

Risonhos de uma tarde no bancão

Tenho manias de esplendor
E agonias com spleen, dor
Mas não posso reclamar
Pois não sou um bipolar

O humor não é britânico
E já tive o tal do pânico
Mas quando entrei pelo funil
Me salvou o Anafranil

Deveria ir pro sítio
Ou quem sabe, tomar Lítio
Só que a cidade corteja
E caio na boa e velha cerveja

02 abril 2007

QR II

Entre livros abertos
vou buscando as respostas
mas bem me dizem os Albertos
que a vida é feita de apostas

Pra Camus é um absurdo
que se enfrenta com revolta
Já Caeiro que não é surdo
bom mesmo é a natureza envolta